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Nota de Frei Hans, fundador da FAZENDA DA ESPERANÇA para o “Estadão”,  sobre a Missão Belém e os fatos de Jarinu

“Guaratinguetá, 25 de julho de 2017

 

Com muita atenção li o artigo do Estadão que saiu nesta última quinta feira dia 20.07 a respeito da Missão Belém que me trouxe uma certa tristeza e me tocou profundamente. Muitos sentimentos invadiram o meu coração e gostaria de expressá-los aqui. Agradeço a oportunidade concedida pelo Jornal, na pessoa de sua jornalista Fabiana Cambricoli.

Em primeiro lugar conheço há anos o Padre Gianpietro e toda a sua equipe. Sou um grande admirador de sua instituição, porque é uma das poucas obras que acolhe homens e mulheres de rua em qualquer hora e situação. Não perguntam se possuem documentos ou doenças, porque acreditam firmemente na dignidade de cada um. Um trabalho digno de respeito.  

Várias vezes visitei suas casas e procurei dar o meu contributo intercedendo junto a organismos do estaduais e federais solicitando apoio. Infelizmente sua forma generosa, desburocratizada e longânime de acolher esses necessitados foge às normas e regulamentações vigentes e por isso é um obstáculo para conseguir subsídios.

Outro sentimento de perplexidade que me assaltou meu coração está ligado ao próprio fato que há mais de 35 anos trabalho na área de recuperação de dependentes químicos. Tenho consciência de quantos órgãos temos neste país que, através das visitas que fazem, sabem dizer e apresentar todas as exigências necessárias para o funcionamento de um estabelecimento, desprovidos porém de qualquer solução prática e efetiva para que a instituição possa se regulamentar. Eu me pergunto: o que seria deste pais se não fosse o trabalho voluntario, gratuito e abnegado de pessoas como Padre Gianpietro e Irmã Cassilda.  

Está se tornando sempre mais difícil viver o serviço voluntário neste pais. Crescem as exigências e diminuem as ajudas concretas.

Por último não posso deixar de manifestar um outro sentimento de indignação, ligado exatamente ao fato que se exige muito daqueles que fazem algo. Entretanto se olharmos para as nossas prisões em muitos lugares deste nosso Brasil, devemos reconhecer que as exigências feitas pelos órgãos de vigilância sanitária estão muito longe de serem observadas nestes ambientes, apesar dos mesmos representarem custos altíssimos para os cofres públicos.  

 

Ao contrário, na Missão Belém, como em muitas obras semelhantes conduzidas por trabalho voluntário, com custo zero para o estado, se alcançam resultados muito mais numerosos e imediatos.

Gostaria que este artigo e todas as reações que nasceram provoquem na sociedade brasileira e gestores públicos especialmente do Estado de São Paulo uma consciência maior de que para além das exigências que, sem dúvida devem ser cumpridas, é preciso ver com os próprios olhos, sentir com o coração e ajudar com as mãos, recursos e inteligência obras como esta da Missão Belém. O senso comum faz nos crer que se uma obra desta receber ajuda concreta seja em meios financeiros como humanos poderá não somente acolher melhor os 2200 que atualmente possui, mas ajudar muitos outros mais.

Agradeço a Deus por tudo aquilo que Padre Gianpietro e seus colaboradores e missionários realizam nas ruas da maior capital brasileira. Tenho absoluta certeza que nosso Brasil seria muito mais pobre e feio sem a presença deles que querem dar o melhor e acertar, mas precisam contar com todos nós. O bem que a Missão Belém fez e está fazendo, a multidão que já se recuperou durante estes anos é muito maior do que aquilo que se acusa.

 

Frei Hans Stapel ofm

Fundador da Fazenda da Esperança” 

 

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